Limitações no direito de ir e vir

Acessibilidade Zero

Há alguns meses, em virtude de uma torção de tornozelo, acabei com o pé quebrado. Nunca havia reparado no quanto são horríveis as calçadas, as vias públicas, o acesso aos comércios, enfim, o quanto a questão da acessibilidade é ignorada, pelo menos em São Paulo.

Logo de cara percebi que não seria nada fácil. Precisei ir, em dias alternados, à Drogaria São Paulo, tomar injeções. Começou pela dificuldade em descer do carro, devido ao pouco espaço deixado entre eles, nas vagas do estacionamento. Depois, degraus na entrada e as prateleiras, muito juntas, que me obrigaram a incomodar todo mundo no caminho, pois era eu ou eles, no corredor. E para a fila do caixa, mais uma tormenta. Enfim, as inconveniências foram inúmeras, em shoppings, nas ruas, em supermercados (onde vi apenas uma cadeira de rodas e um motorizado disponíveis). Imagino para quem ainda faz uso dos transportes públicos, a tormenta que deva ser.

A experiência de ter necessidades especiais (felizmente temporária) expôs uma realidade à qual muita gente é imposta, minuto a minuto. É triste tamanho descaso. Depois desta experiência, admiro muito a força e a coragem das pessoas que passam por estas provações (e muitas outras). Eu, sinceramente, pensaria (como pensei) duas vezes antes de sair de casa e passar por tantos e complicados obstáculos.